Os que Sonham...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Vôo



O vento soprava-lhe o rosto. A garoa molhava seus olhos semi-serrados, gotas escorriam pela face unindo-se as lágrimas.
Em sua mente flashes de tudo que fora vivido até ali.
E de tudo que fora deixado para trás.
Por tantas vezes pensou que aquele mundo não era para ela.
Não aquele, cheio de egoísmos, sentimentos descartáveis e amizades por conveniência.
Onde andariam a inocência, o amor ao próximo, o respeito?
Onde andariam as pessoas de coração puro?
Desesperadamente ela os procurava através das lembranças. Remexeu lá no fundo e nada encontrou. Será que existiram um dia?
A sua sensibilidade não cabia naquele mundo.
Abriu os olhos e pode ver toda cidade, as luzes refletiam tuas lágrimas. Edifícios de concreto e pessoas também, todas protegidas em seus casulos, construídos para fugirem dos sentimentos alheios e do medo de viver.
Suspirou. Sentia-se tão infeliz ali.
Olhou as estrelas, respirou fundo. Ela queria voar.
Queria ir ao encontro dos verdadeiros sentimentos, do tempo em que se podia acreditar neles.
Fechou os olhos e sentiu o vento.
Abriu as asas e saltou para o vôo.
Libertou-se da dor e daquele mundo tão frio como o concreto que a esperava.
Sentiu frio e sua lágrima misturou-se ao sangue que escorria pela boca. Escutava vozes ao fundo, algumas pessoas exclamavam frases de piedade, outras de desprezo.
Sim, era isso que ela também sentia por aquelas pessoas. Piedade pela falta de amor de todas elas e desprezo por aqueles corações impuros.  Pareciam abutres.
Será que algum dia eles olhariam para dentro de si mesmos?
Não, com certeza não!  Essas pessoas não agüentariam conhecer a própria alma.
Sentiu sono e as vozes foram sumindo, assim como toda dor.
Adormeceu e então a sua busca chegara ao fim. Ela nunca, nunca mais voaria.


15 comentários:

Unknown disse...

Oi NINA PASSANDO P/ TE DESEJAR UM ÓTIMO RESTINHO DE SEMANA BJINHOS ^^)

PauloSilva disse...

Um grande obrigado, Nina, pelas suas palavras.

Por vezes basta ter um coração puro, fechar os olhos e deixar a nossa alma se libertar do corpo e viver em liberdade por instantes. Lindo, Lindo *

Penélope disse...

Que texto maravilhoso, cheio de sensibilidade, desejos e sonhos...
Parabéns.
Gostei de passar pelas suas páginas e conhecer seu trabalho.
Um grande abraço

Gaby Anny disse...

que texto maravilhoso. adorei

Everson Russo disse...

Belissimo minha amiga,,,parabens pelo blog...grande beijo de bom final de semana...obrigado pela visita,,,volte sempre que desejar...

Anônimo disse...

Oi.
lindo blog;
seguuindo

http://iasmincruz.blogspot.com/

Everson Russo disse...

Um beijo carinhoso de bom domingo e uma excelente semana pra ti querida amiga....paz, poesia e carinho sempre...

PauloSilva disse...

Fico muito feliz por ter gostado :)
Beijos e uma óptima semana!

Camila disse...

Onde andariam a inocência, o amor ao próximo, o respeito?

As vezes paro e me faço essas perguntas,mas fico aborrecida.Triste.

Micael Araújo Andrade disse...

Oi amiga, obrigado pelo comentário,por me seguir e colocar o banner!
Farei o mesmo!
Abração!

Anônimo disse...

Ei,Nina,
Já estou seguindo seu blog!

Dias lindos pra vc!
Parabéns pelo blog!

silvioafonso disse...

.


Seu blog me enfeitiçou; estou
seguindo vocês. Que tal vocês
seguirem o meu?

silvioafonso






.

Mi reabilite disse...

Nina,
Até que lhe corte as asas o vôo ainda é possível... e ainda assim mesmo sem asas aparecem anjos que nos ensinam a voar novamente sob a gurada de suas asas!

Adorei!

Bjoss
Michele

Anônimo disse...

Belíssimo texto...

Calu Barros disse...

Palavras cortantes, reveladoras,arrancam do fundo d'alma o grito surdo, a dor sentida...Extremis!!
Um texto denso, provocativo, Nina.
Já estou em teu cantinho apaixonante.
Um bjo,
Calu